Review: Assassin’s Creed Shadows – Um Renascimento no Japão Feudal

Assassin’s Creed Shadows chega em 20 de março de 2025 como uma carta de amor aos fãs da franquia que ansiavam pelo retorno às raízes furtivas, mas sem abandonar as inovações modernas que a série adotou. Ambientado no Japão feudal do final do período Sengoku, o jogo nos coloca nos papéis de Naoe, uma shinobi habilidosa da província de Iga, e Yasuke, o lendário samurai africano, em uma jornada épica rumo à unificação do país sob o comando de Oda Nobunaga. Após mais de 20 horas de jogo com uma cópia antecipada fornecida pela Ubisoft, podemos afirmar: este é o Assassin’s Creed mais imersivo e cativante em anos.

Um Japão Vivo e Estratégico

O cenário do Japão feudal é um dos maiores trunfos de Shadows. Estamos na era Azuchi-Momoyama, um período de guerras e transformações, e o jogo reflete isso com um mundo aberto que respira autenticidade. Castelos imponentes cercados por muralhas, vilarejos pacíficos entre campos de arroz e florestas densas com cerejeiras em flor criam uma tela visual impressionante. O sistema dinâmico de estações — da primavera ao inverno — transforma a jogabilidade: nevascas escondem seus passos, chuvas abafam sons, e o sol forte expõe suas ações. É um cenário que respira história e estratégia, refletindo o tumulto do Japão de 1579.

O Japão feudal é um palco vivo e estratégico.

Parkour Ressurge com Naoe

Se os últimos jogos da série, como Odyssey e Valhalla, priorizaram vastidão em detrimento da mobilidade, Shadows resgata o parkour com maestria. Naoe é uma força da natureza em movimento: ela escala telhados com fluidez, usa um gancho para alcançar alturas impossíveis e salta entre árvores com uma agilidade que remete aos dias de Ezio Auditore. Esse retorno ao parkour não é apenas nostálgico — é funcional. Combinado com um sistema de stealth renovado, que usa luz e sombra de forma brilhante, infiltrar-se em fortalezas inimigas é uma experiência tensa e satisfatória. Apagar lanternas, esconder-se em arbustos ou eliminar guardas com a lâmina oculta nunca foi tão natural.

E Naoe não para por aí. Apesar de ser uma mestra da furtividade, ela surpreende no combate direto. Com uma katana ou kunais, ela enfrenta inimigos com golpes precisos e rápidos, mostrando uma versatilidade que a diferencia de protagonistas anteriores. Yasuke, por outro lado, é o contraponto perfeito: um tanque humano cujos ataques pesados com espada ou lança fazem os inimigos recuarem com cada golpe. A troca entre os dois estilos é fluida e dá liberdade para abordar cada situação como você preferir.

Combate e Variedade

O combate em Shadows é um dos mais refinados da série. Naoe mistura ataques leves e rápidos com ferramentas shinobi — como bombas de fumaça e shurikens —, enquanto Yasuke aposta em força bruta, com animações que transmitem o impacto de cada golpe. A possibilidade de alternar entre os dois personagens em missões específicas mantém o ritmo dinâmico, e a personalização de armas e habilidades adiciona profundidade ao sistema. Após 20 horas, o combate ainda se mantém fresco, com inimigos que exigem estratégias diferentes dependendo do protagonista escolhido.

Uma História de Destinos Cruzados

A narrativa segue Naoe e Yasuke, que começam como adversários em um Japão dividido por conflitos. Após a invasão brutal da província de Iga, Naoe embarca em uma missão pessoal que logo se entrelaça com o caminho de Yasuke, um estrangeiro buscando propósito em meio aos demônios de seu passado. A trama não reinventa a roda — há ecos de vingança e redenção que a série já explorou antes —, mas a execução é sólida, com diálogos bem escritos e uma química crescente entre os protagonistas. Yasuke, em especial, brilha como uma figura histórica fascinante, trazendo um peso emocional inesperado.

Um dos maiores trunfos é a imersão sonora. Você pode optar pela dublagem em português do Brasil, com vozes competentes que agradam os jogadores locais, ou pelo modo “imersão”, onde os habitantes falam japonês autêntico — com sotaques e entonações que refletem o período. Os imigrantes portugueses, presentes na história, falam japonês com os nativos, mas trocam para português entre si, criando um contraste cultural fascinante. Essa escolha eleva a autenticidade e mergulha você ainda mais no Japão feudal.

Pontos Altos

• Parkour Renovado: A mobilidade de Naoe é um retorno triunfal ao que tornou Assassin’s Creed único.
• Stealth e Combate Versátil: Naoe domina as sombras e as lutas diretas, enquanto Yasuke é uma força imparável.
• Mundo Imersivo: O Japão feudal é visualmente deslumbrante e funcionalmente rico.
• Imersão Sonora: O modo com japonês e português é um toque brilhante de autenticidade.
• Equilíbrio: A mistura de stealth clássico e elementos de RPG modernos é quase perfeita.

Pontos a Melhorar

• Bugs Persistentes: Alguns glitches, como inimigos presos em objetos, ainda aparecem, mas não arruínam a experiência.
• Missões Secundárias Genéricas: Coletar itens e limpar acampamentos ainda parecem fillers em um mundo tão vivo.
• História Previsível: A trama é envolvente, mas não arrisca o suficiente para surpreender.

Veredito

Plataformas: PS5, Xbox Series X|S, PC (Ubisoft Store, Steam, Epic Games Store), Macs com Apple Silicon | Lançamento: 20 de março de 2025

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