Um dos maiores clássicos dos jogos de tiro em primeira pessoa (FPS), Half-Life, quase foi condenado ao fracasso antes mesmo de brilhar. Monica Harrington, ex-CMO da Valve, revelou em entrevista ao GamesRadar como a Sierra, publisher original do jogo, planejou abandonar o marketing do título em 1998. A decisão, que poderia ter matado silenciosamente o jogo, foi revertida graças à determinação de Harrington e à ameaça de romper laços com a indústria.
Em 1998, a Valve era uma empresa jovem apostando tudo em Half-Life, seu primeiro grande lançamento. Após impressionar na E3 de 1997, o jogo enfrentava um futuro incerto. A Sierra, responsável pela publicação, decidiu em uma reunião redirecionar todos os recursos de marketing para outros títulos, deixando Half-Life à deriva. “Fiquei atônita”, conta Harrington. “O plano era lançar e esquecer, mas a Valve ainda não tinha recuperado o investimento.”
Para Gabe Newell e Monica Harrington, fundadores da Valve, a situação era crítica. Sem apoio, o jogo poderia “morrer silenciosamente”, comprometendo o futuro da empresa e do agora icônico Steam, disponível hoje em steamcommunity.com.
Harrington não ficou de braços cruzados. Na mesma reunião, ela contra-atacou: se a Sierra não investisse em Half-Life, a Valve abandonaria o acordo e exporia publicamente a falha da publisher. “Não era uma ameaça vazia”, afirmou. A pressão funcionou. A Sierra recuou, relançou o jogo com uma campanha robusta, e o resto é história: Half-Life tornou-se um sucesso estrondoso, vendendo milhões e redefinindo o gênero FPS.
O sucesso não veio só da ameaça. Harrington trouxe sua experiência em marketing da Microsoft, sabendo como posicionar o jogo no mercado. Além disso, a qualidade inovadora de Half-Life — com narrativa imersiva e jogabilidade revolucionária — conquistou os jogadores. A Valve também renegociou o contrato com a Sierra em 2001, garantindo controle total do IP e dos direitos digitais.
Se a Sierra tivesse vencido, o cenário gamer poderia ser irreconhecível. Sem Half-Life, não teríamos Half-Life 2, o Steam ou até mesmo clássicos como Portal. A intervenção de Harrington salvou não apenas um jogo, mas uma era de inovação. Para os fãs brasileiros de PC, que hoje jogam Counter-Strike e outros títulos da Valve, é um lembrete do quanto o destino de um FPS pode depender de decisões nos bastidores.
Hoje, Half-Life é mais do que um jogo: é um marco cultural. Enquanto aguardamos rumores sobre um possível Half-Life 3, a história de sua quase morte reforça a resiliência da Valve. Fique por dentro de mais curiosidades e notícias sobre FPS clássicos aqui no Battlehub!