REVIEW: Killing Floor 3: Vale o investimento?

Opinião5 days ago

Na história dos jogos de tiro cooperativos, poucos títulos conquistaram um espaço tão visceral e descompromissado quanto Killing Floor. Surgido em 2009 como um mod gritty de abate de zumbis, o jogo se transformou em um clássico cult, misturando horror, humor e ação hardcore. Agora, em 2025, a Tripwire Interactive lança Killing Floor 3, uma sequência direta que resgata o tom mais sombrio e cru do original, enquanto mergulha em uma distopia cyberpunk ambientada em 2091. Nesse mundo, os monstros bioengenheirados da megacorporação Horzine, os Zeds, ameaçam a sobrevivência da humanidade, e apenas o grupo rebelde Nightfall resiste.

Nova interface HUD de Killing Floor 3 em desenvolvimento

Mecânicas:

No cerne, Killing Floor 3 mantém a essência da série: sobreviver a ondas de Zeds cada vez mais brutais, ganhar “dosh” para melhorar o arsenal e torcer para que a coordenação do time resista. Contudo, a Tripwire reformulou a jogabilidade com foco em mobilidade e personalização. Os jogadores agora podem correr, deslizar, escalar bordas e desviar, transformando o campo de batalha em um playground vertical. Essa fluidez lembra shooters modernos como Doom Eternal, mas preserva o ritmo deliberado que define a tensão de Killing Floor.

Os seis especialistas — cada um com perks, armas e habilidades únicas — oferecem estilos de jogo distintos. Por exemplo, o Ninja empunha espadas duplas e um gancho de escalada, permitindo abates rápidos e acrobáticos, enquanto o Engenheiro utiliza drones e torres para controle de multidões. Atualizações pós-lançamento prometem desassociar perks e especialistas, garantindo ainda mais flexibilidade para builds criativas.

A personalização de armas é um destaque, com centenas de modificações, acessórios e gadgets para ajustar seu loadout. De lança-chamas que derretem carne a espingardas que destroem membros, cada arma tem peso e responsividade. O sistema M.E.A.T. (Massive Evisceration and Trauma) retorna, amplificando o gore com sangue persistente, desmembramento dinâmico e sequências em câmera lenta de “Zed Time” que transformam o caos em um balé grotesco.

No entanto, o realismo do sistema pode sobrecarregar o desempenho, especialmente em PCs de médio porte, com relatos de quedas de framerate em ondas intensas. Para jogadores brasileiros, acostumados a otimizar jogos em máquinas mais modestas, ajustar configurações ou optar por consoles pode ser necessário para uma experiência fluida.

Direção de Arte, Som e Ambientação:

Desenvolvido na Unreal Engine 5, Killing Floor 3 é um espetáculo visual que expande os limites do gore e da atmosfera. A estética cyberpunk — favelas iluminadas por neon, laboratórios abandonados e ruas encharcadas de sangue — evoca uma mistura de Blade Runner com O Enigma de Outro Mundo.

Os mapas são projetados com verticalidade em mente, incentivando exploração e posicionamento tático. Armadilhas ambientais, como torres automáticas e ventiladores industriais, adicionam profundidade estratégica, transformando o cenário em uma arma. Ainda assim, alguns mapas parecem repetitivos, carecendo da identidade marcante de clássicos como West London do primeiro Killing Floor.

O design sonoro é um triunfo, com sons de carne esmagada, rugidos guturais dos Zeds e uma trilha sonora industrial pulsante que mantém a adrenalina em alta. As falas dos personagens, repletas de humor negro e palavrões, capturam o tom irreverente da série, embora possam soar repetitivas após longas sessões.

A dublagem em português brasileiro, uma adição bem-vinda, traz vozes competentes que reforçam a imersão, mas a mixagem ocasionalmente deixa diálogos abafados em meio ao caos sonoro. Para jogadores brasileiros, a ambientação cyberpunk ressoa com paralelos culturais, como as favelas futuristas que lembram cenários urbanos nacionais, ainda que o jogo não explore diretamente essas conexões.

Narrativa e Personagens: Um Pano de Fundo Sólido, Mas Secundário

A narrativa de Killing Floor 3 é simples, mas funcional: a humanidade enfrenta a extinção enquanto a Nightfall, um grupo de rebeldes, luta contra a Horzine e seus Zeds. A história é contada por meio de cutscenes curtas e diálogos in-game, que priorizam a ação sobre o desenvolvimento profundo.

Os especialistas, como a líder carismática Raven ou o excêntrico Engenheiro, têm personalidades marcantes, mas suas histórias de fundo são apenas esboçadas. Para um jogo focado em cooperativo, isso não é um grande defeito, mas jogadores que buscam uma narrativa mais rica podem sentir falta de maior profundidade.

Ainda assim, o contexto cyberpunk e a luta contra uma megacorporação opressiva criam um pano de fundo envolvente, com ecos de críticas sociais que ressoam com o público brasileiro, familiarizado com narrativas de resistência contra sistemas de poder.

Altos e Baixos do Massacre

Killing Floor 3 brilha em sua jogabilidade refinada e atmosfera imersiva, mas não está isento de falhas. A performance instável em sistemas menos potentes pode frustrar jogadores que não tem um PC tão potente. Além disso, a repetitividade de alguns mapas e a falta de inovação em certos modos de jogo podem cansar jogadores veteranos da franquia.

A ausência de um modo campanha mais robusto também limita o apelo para quem busca uma experiência narrativa mais densa. Por outro lado, a personalização de armas, a mobilidade aprimorada e o suporte contínuo prometido pela Tripwire sugerem um jogo com potencial de longevidade, especialmente para fãs de cooperativo.

Afinal, vale o investimento?

Killing Floor 3 é um retorno triunfal à essência visceral da franquia, modernizado com mecânicas fluidas e uma estética cyberpunk arrebatadora.  Apesar de tropeços técnicos e de uma narrativa que poderia ser mais explorada, o jogo entrega o que promete: um massacre cooperativo que é tão caótico quanto catártico.

Para os fãs de longa data e novatos em busca de ação desenfreada, Killing Floor 3 é um convite irrecusável para mergulhar em um futuro sangrento — e sair vitorioso, com sangue nas mãos e um sorriso no rosto.

7.0 / 10Nota
Nota 7.0

Killing Floor 3

Apesar de tropeços técnicos e de uma narrativa que poderia ser mais explorada, o jogo entrega o que promete: um massacre cooperativo que é tão caótico quanto catártico. Para os fãs de longa data e novatos em busca de ação desenfreada, Killing Floor 3 é um convite irrecusável para mergulhar em um futuro sangrento — e sair vitorioso, com sangue nas mãos e um sorriso no rosto.

Postagem Anterior

Próximo post

Siga
Buscar
MAIS LIDAS
Carregando

Entrando em 3 segundos...

Cadastrando-se em 3 segundos...