A Bohemia Interactive trouxe ao campo de batalha virtual o Arma Reforger, um título que se posiciona como uma transição entre o consagrado Arma 3 e o futuro Arma 4. Disponível desde 2022 em acesso antecipado no PC e posteriormente lançado para PS5 e Xbox Series X|S, o jogo nos convida a explorar um cenário de Guerra Fria com uma proposta ambiciosa de simulação militar. Após horas de combates intensos e testes em diferentes plataformas, nossa experiência com Arma Reforger revela um jogo que brilha em momentos de genialidade tática, mas que ainda carece de polimento para alcançar seu pleno potencial.
A trama nos leva à ilha fictícia de Everon, um mapa de 51 km² que recria um conflito de 1989 entre forças americanas e soviéticas. O ambiente, detalhado e expansivo, é um convite à exploração estratégica, com florestas densas e vilarejos que parecem saídos de um passado histórico. Jogamos tanto o modo Conflict, que coloca equipes em disputas territoriais multiplayer, quanto o Game Master, onde pudemos criar nossos próprios cenários em tempo real – uma ferramenta que, embora poderosa, exige paciência para dominar.
Quando tudo funciona como deveria, Arma Reforger é uma experiência imersiva e recompensadora. Disparar uma arma tem peso, cada movimento exige planejamento, e a coordenação com outros jogadores transforma combates em verdadeiras operações militares. Em uma das nossas sessões, um ataque coordenado a uma base inimiga, com veículos e infantaria, nos deixou com a adrenalina a mil, provando que o jogo sabe capturar o caos controlado que os fãs da série adoram. O novo motor Enfusion também impressiona: os visuais são mais nítidos que em Arma 3, com uma iluminação que torna o amanhecer em Everon quase cinematográfico.
No entanto, nem tudo correu bem. Frequentemente, enfrentamos problemas técnicos que quebraram a imersão: servidores desconectando no meio de partidas, texturas que demoravam a carregar e até quedas bruscas de desempenho em mapas mais exigentes. No Xbox Series, testamos os modos performance e qualidade – o primeiro, mirando 60 FPS, oscilava em tiroteios intensos, enquanto o segundo, a 30 FPS, oferecia visuais melhores, mas sacrificava a fluidez. O controle, embora adaptado, demandou tempo para nos acostumarmos, com uma curva de aprendizado que pode afastar novatos.
A falta de conteúdo também nos deixou com um gosto agridoce. O suporte a mods, algo que sempre elevou a série, parece restrito, especialmente nos consoles, onde mal arranhamos a superfície do que a comunidade poderia criar.
No PC, com uma configuração robusta, conseguimos rodar o jogo entre 70 e 100 FPS, mas notamos quedas em áreas mais densas de Everon. Nos consoles, a experiência foi mais inconsistente. Ainda assim, o título exige tolerância com suas falhas técnicas – algo que nem todo jogador está disposto a oferecer.
Arma Reforger é um jogo para os apaixonados por simulações militares que não se importam com arestas a serem aparadas. Seus momentos de glória – como emboscadas bem-sucedidas ou a criação de batalhas personalizadas – são únicos, mas os tropeços técnicos e a falta de variedade nos lembram que ele ainda está em construção. É um passo ousado da Bohemia Interactive, mas um que exige paciência enquanto aguardamos seu refinamento ou a chegada de Arma 4.
Arma Reforger entrega uma promessa tática fascinante, mas seu estado atual o torna mais um experimento valioso do que uma experiência plenamente realizada.